Editorial – Um peso e várias medidas…

 Causou espécie, em alguns, termos afirmado que o processo de impeachment de Dilma Rousseff – já encerrado – tornara-se, de um momento histórico, em momento histérico. Ora, o fato de cassar-lhe o mandato de um lado e garantindo-lhe os direitos políticos de outro, parece-nos não apenas flagrante violação constitucional, porém, rasteira manobra política destinada a passar a mão na cabeça de todo e qualquer político improbo nos 5.570 municípios brasileiros.  A lei soberana é a Constituição. Todos diplomas legais, sem exceção, a ela estão subordinados. A grande sacrificada direta no altar de interesses inconfessáveis, violando-se a primeira, é a Lei da Ficha Limpa, que cassa direitos políticos cabalmente por oito anos dos que cometam desmandos no exercício de cargo público, inabilitando-os para exercê-los.   Em segundo lugar o alvo indireto é a Operação Lava Jato ou outras do estilo, na qual estão involucrados grande número de políticos, incluindo-se o próprio Temer e Renan, sem falar em Eduardo Cunha. Não há picareta profissional, no país, que não esteja festejando a decisão de manter-se a habilitação política de quem, direta e indiretamente, cometa crimes contra a coisa pública.  Caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir sobre o aparente factoide, inevitavelmente. Contudo, no frigir dos ovos, rainha morta, rei posto. O Brasil, mais uma vez, sobreviverá…