Editorial – Estratégia torpe

 Quando mais se bate-boca sobre as consequências, mais turvas ficam as origens dos fatos que geraram um desastre, propiciando aos causadores chances de passarem-se por vítimas para recuperar espaços, tumultuar a refrega, pôr a culpa nos outros e  postarem-se como vestais. Esse é o conceito subjacente a tudo o que vemos nestes dias tumultuados.  A estratégia dos que afundaram o país é, além de torpe, errática. Trocar um ministro da Justiça emperequetado e falador e que temia os riscos de desmontar a Polícia Federal e, em consequência, a Operação Lava Jato, por outro soturno e temerário, atacar o Ministério Público, a Justiça – particularmente na pessoa do Juiz Sérgio Moro – e alimentar a teoria de “golpe” é, claramente, tentar tapar o sol com a peneira.  Quem rompeu com a legalidade via escândalos extraordinários de corrupção nunca dantes vistos neste ou em outros países, quem atenta contra o regime democrático há  anos, é o esquema hoje no poder, ou seja, o PT e sua base alugada. Se alguém que não é investigado é flagrado numa escuta legítima falando com marginais, entra de cabeça no processo investigativo. Igualmente se, tendo poder, protege criminosos e indulta condenados e por aí vai… 
A questão fundamental, contudo, prossegue: quem são os responsáveis diretos e indiretos pelo desastre econômico, estrutural, institucional, político e moral que avassala o país?