Editorial – Obama e Raul

 Fato somente comparável à visita do truculento Richard Nixon – presidente dos USA – à China maoísta em 1972, que mudou paulatinamente as relações entre os países e principalmente a trajetória chinesa de país comunista petrificado para uma economia autoritária de mercado, é a visita de Obama a Cuba, ontem. Raul Castro, irmão e herdeiro do mito Fidel, começou o encontro cheio de dedos e nós pelas costas, mas, após as falas protocolares para as respectivas plateias, tudo virou salsa.  Obama sabe que Cuba leva mais de meio século dividindo miséria e que os USA têm culpa no cartório. Raul sabe que – como disse sabiamente (sic!) o ex-presidente Lula tempos atrás – a Utopia acabou. Não diretamente pela ação imperialista, mas, pela incompetência congênita de um regime totalitário tanto inóspito quanto impraticável. Obama é uma simpática versão “pop” do capitalismo globalizante dito civilizado. Raul é o último dos moicanos da “Sierra Maestra” e não quer entrar para a História como mais um reles ditador comunista, ao estilo do caricato – mas perigoso – Kim Jung Woon, da Coreia do Norte e seu Partido dos Trabalhadores.  É aí que os dois bicudos se beijam, para profunda mágoa dos alucinados “bolivarianos” da América Latina. Para estes Obama é uma desgraça absoluta e Raul um traidor da “revolução” latino-americana prevista no Fórum de São Paulo. 
Que sejam felizes enquanto durem…