Editorial – O que se salva?

 Há pesado sentimento denso e crescente de mal estar, neste fim de ano. Pelas ruas, aonde formos e trocarmos ideias, quase podemos tocar nessa queimada de mufa coletiva. De um lado estão os com cara de “o que é que eu fiz”, por terem acreditado e votado em líderes tão messiânicos e ilusórios, quanto mequetrefes e calhordas. De outro, os com cara de “o que é que eu não fiz” para impedir sua chegada e permanência no poder. Entre eles, na zona gris, imensa multidão aparvalhada e bocó que, como gado no piquete à espera do magarefe, tuge, muge e se revolve, mas, não se revolta com seu destino fatal. Os raros que esperavam por uma epidemia de vergonha na cara, neste fim de ano, decepcionaram-se. Parece não constar no genoma dos nativos ou importados tal predicado. Imagine-se seu mau humor, que se soma ao dos acima mencionados. Todos sentem-se traídos ou enganados, enfim, iludidos. Ora, ninguém os mandou iludirem-se, fizeram-no de moto próprio.O que vem pela frente, em 2.016, é feio! Muito feio! E não adiantam orações ou reza, macumba ou pular sete ondinhas na praia: perdida a vergonha ou ética, ou jamais tendo-as encontrado, danou-se, me’rmão: a vaca tossiu e foi pro brejo. Mas, nem tudo foi feijão estragado na mesa metafísica do rebanho: salvou-nos a Operação Lava Jato, solitária bandeira da vilipendiada dignidade nacional neste 2.015 infame. Que prossiga, e prospere!