Editorial – Pedaladas a Granel

 Devem, os ciclistas, protestarem com o que ocorre no país: o bom esporte de pedalar serviu para  nomear a prática vexatória, imoral e indecente de governos incompetentes protelarem pagamentos de dívidas legítimas, realizarem manobras financeiras ilegais e fazer politicalha. Pedalar esportivamente faz bem à saúde do indivíduo. “Pedalar” administrativamente causa danos ao país. Essa pendenga entre a SEMASA e a SABESP, com condenação do Tribunal de Justiça a favor da segunda, como noticiamos anteontem, é um exemplo: Santo André deve, nega e põe a culpa na primeira, tentando empurrar a execução da sentença com a barriga o mais que puder e recorrendo ao CADE denunciando-a por “infração à ordem econômica”. É a atitude do sujeito que rouba um celular e sai gritando “pega ladrão”. Diadema, Guarulhos e Osasco, cujas distribuições de água potável é por autarquias próprias, as estariam entregando à SABESP para sanar dívidas. O sistema dessas cidades funciona como um condomínio: quando Santo André não paga, as demais pagam por ela. Curiosamente, elas tiveram problemas com as autarquias sempre que o PT as administrou, num incessante proliferar de funcionários fantasmas, superfaturamentos, desperdício de recursos e por aí vai. Nada mais honrado num administrador que reconhecer erros e seguir determinações da Justiça. E pode pedalar, sim: de bike, cuidando da forma física.